A
chuva pode continua caindo sem parar, mais frio do que já está no corpo é impossível
ficar, meu sangue está gelado, as batidas do coração são mínimas, meu corpo
treme, não de frio, mas sim dá dor na alma de um desalmado. É difícil saber
onde está seu corpo quando sua alma esta navegando por todo o universo perdido,
não é nada fácil você sentir as dores carnais, as dores mentais acabando com
cada pingo de sanidade que existe em você, as dores espirituais penetrando sua
mente, perfurando cada centímetro de sua mente, uma dor suprema, agonia. O corpo
sedado pelos fortes remédios anestésicos, deixando seu corpo imóvel, seus olhos
estão fechados, mas ali está passando todo o teatro de sua vida, cada cena
sendo reproduzida, você ali olhando aquilo sem acreditar. As feridas não cicatrizam,
o sangue não para de escorrer, as memórias sendo apagadas uma a uma, todos
aqueles momentos bons e ruins não vão existir em breve, tudo logo será uma
folha branca.
Eles
ali ao lado do corpo chorando, lembrando de todos os momentos. Nunca, mas nunca
lhe deram valor, somente ali eles perceberam quem ele era, seu ponto de paz. Logo
não restarão lembranças de ninguém e nada, tudo que vai sobrar é um corpo cheio
de cicatrizes. A vida podia passar diante dos olhos dele de novo e de novo, mas
sempre iria aceitar ela do jeito que foi e não iria querer mudar nada, nunca. Uma
vida jogada fora ou talvez uma vida muito bem aproveitada, não se existe
resposta, mas com certeza foi uma vida sofrida, cheia de batalhas constantes. Ele
foi bom, carinhoso até mesmo com quem o desprezou, até seus últimos momentos de
sanidade, então surgiu o seu lado negro, o seu monstro interior, ele se tornou
um demônio, sem sentimentos, apenas risos sádicos ele sabia, o que era mal lhe
era ótimo, o que era cruel com as pessoas lhe era perfeito, a bondade foi
esquecida, foi apagada daquela mente brilhante. Aquilo foi o seu fim, ele
estava ciente que sua vida a todo momento estava por um fio, sua alma era
forte, mas era toda fragmentada pelo sofrimento e o ódio que nasceu do amor.
Ele
sempre foi o garoto que sua fé movia montanhas, que salvava vidas, ele
regenerava os corações partidos das pessoas, mas era incapaz de regenerar o próprio,
não existia ninguém que fosse capaz de regenerar seu coração, sua alma estava
muito pior que o coração. Ele via a agonia de todos, escutava os gritos de dor
de todos, mas ninguém ouvia seus gritos, muito menos sabia de sua agonia, ele
sofria apenas em
silencio. Seu fim, um coma profundo, coma.
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