sexta-feira, 7 de outubro de 2011

drunk boy


            Pés descalços no meio da madrugada, a chuva fria está caindo, o cigarro não mais ascende no meio desta pequena tempestade, a neblina está tão densa quanto o concreto. Estou embriagado, mas isto é apenas o começo da semana, depois de tudo que me andou acontecendo recentemente, eu mudei, não vejo mais as coisas certas e erradas, mas sim as que me agradam e as que não agradam se não me agradam eu apenas a destruo da maneira mais dolorosa, eu mesmo não me agrado.
            Meus pés me traem a cada passo, cada passo é um risco de morte, tudo está a girar. O caminho de volta é longo e estou sozinho nessa jornada, as bebidas etílicas começam a fazer mais efeito, tudo está ficando negro, a neblina deixa ainda mais tudo complicado.
            Talvez se eu gritar, alguém vai ouvir e vira me ajudar, não, ninguém vai ouvir, nem eu mesmo consigo ouvir minha voz, estou perdido, é o fim, meu caro amigo, esse é o fim.      
            Não existe ninguém na rua, estou andando há horas e mais horas e a noite não acaba, a chuva não para, o tempo é uma eternidade. Demorei muito para perceber, mas isto, isto é o abismo, é o inferno, eu estou morto. Foi você!
            O grito ecoou por tudo ali e vultos começaram a se mover, meus cabelos molhadas caiam sobre meu rosto, eu via minha pele com um outro tom de cor, era um vermelho forte, era o sangue se misturando com a água da chuva, meu corpo estava ensangüentado. Meu paladar sentia apenas aquele gosto doce de sangue, era tão confuso saber que você morreu e nem ao menos lembrar de sua morte.
            No fim, aquilo era o inferno, era só o começo de toda minha eternidade ali, na mais do que isso, era só a pequena eternidade no inferno. Meu corpo está ensangüentando porque minha alma sempre esteve daquele jeito. Não há demônio, que machuque me a mim mais, não a anjo que me cure mais, ali era um lugar longe da ampla e perfeita vista de Deus, ali o que acontecia não o pertencia. 

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